quinta-feira, 8 de abril de 2010

Crise na Tailândia

Os manifestantes de oposição na Tailândia, também conhecidos como "camisas vermelhas", ameaçaram nesta quinta-feira intensificar as ações de protesto se o governo não atender imediatamente ao pedido de dissolução do Parlamento e convocação de eleições diretas.

O grupo, que há quase um mês tem protestado nas ruas da capital, Bangcoc, fez a ameaça em meio à decisão do primeiro-ministro, Abhisit Vejjajiva, de cancelar uma viagem ao Vietnã por causa da onda de instabilidade que assola o país.

Os líderes dos manifestantes não afirmaram claramente se apelarão para a violência como o próximo passo, mas disseram que vão deixar de negociar e “declarar guerra” se não forem ouvidos.

Tensão

É nítido o aumento de tensão entre os dois lados nas ruas da cidade.

Na manhã desta quinta-feira, uma granada foi lançada no quartel general do Exército. Outras explosões menores e sem vítimas já haviam ocorrido durante a madrugada em diversos pontos de Bangcoc.

Os “camisas vermelhas” têm obstruído as principais vias da capital.

O comércio em diversas áreas está fechado por causa da presença dos manifestantes, que chegaram a invadir a sede do governo brevemente e confrontar soldados na quarta-feira.

Os parlamentares tiveram que ser resgatados às pressas do prédio, e o primeiro-ministro decretou estado de emergência na capital.

Apesar da ordem de dispersar, os oposicionistas convocaram mais um grande comício para a sexta-feira, desafiando o governo.

Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro Vejjajiva retirou do ar o canal de TV por satélite PTV, que estava alinhado com os oposicionistas.

Abalo

O impasse político já começa a abalar a economia tailandesa.

Nesta quinta-feira, a bolsa de valores local fechou com perdas de 3,53%, e um dos diretores do Banco Central, Suchart Sakkankosone, admitiu ao jornal The Nation que “a situação de emergência pode de certa forma reduzir o crescimento do Produto Interno Bruto em 2010”.

A estimativa de crescimento de 6,2% feita pelo Banco Mundial para a Tailândia está sendo considerada otimista frente à expectativa de 4,2% anunciada pelo ministro das Finanças, Korn Chatikavanij, na terça-feira.

Na quarta-feira, um grupo de mais de 300 acadêmicos assinou uma carta aberta pedindo que o governo não dissolva o Parlamento e lide com rigor com os manifestantes.

Os simpatizantes do governo são na maioria tailandeses que vivem nas cidades, enquanto que os oposicionistas “camisas vermelhas” são majoritariamente pessoas do interior.

Os “camisas vermelhas” são simpatizantes do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, que foi deposto em 2006 depois de um golpe de Estado.

Instabilidade

A situação política na Tailândia é incerta desde aquele ano, quando manifestantes de “camisas amarelas”, contrários a Thaksin, exigiram a renúncia do primeiro-ministro, acusado de ser corrupto.

Apesar de deposto em 2006, Thaksin recobrou força política em 2008, quando aliados dele voltaram ao poder e ocuparam o gabinete do primeiro-ministro por três meses.

Na ocasião, confrontos entre apoiadores e opositores de Thaksin resultaram na ocupação e fechamento dos dois principais aeroportos de Bangcoc por uma semana.

Atualmente, Thaksin vive exilado, viajando pelo exterior, mas passa a maior parte do tempo em Dubai.

Ele foi condenado à revelia a dois anos de prisão por abuso de poder e corrupção, o que lhe custou US$ 1,4 bilhão da sua fortuna pessoal de US$ 2,3 bilhões.

Os simpatizantes de Thaksin afirmam que o julgamento foi político.

Antes de se tornar primeiro-ministro, Thaksin já era muito rico e possuía, entre outros negócios, a companhia de telecomunicações Shin Corp., que foi vendida ao fundo soberano Tamasek, de Cingapura, em janeiro de 2006, numa operação controversa que acabou desencadeando os protestos que resultaram na queda e condenação dele.

Fonte: BBC Brasil

terça-feira, 6 de abril de 2010

Casos de Pedofilia


Um jornalista francês que decidiu revelar à polícia a identidade dos supostos pedófilos que entrevistou em uma reportagem para a TV está provocando controvérsia em relação à proteção das fontes jornalísticas.

A reportagem, feita com uma câmera escondida, será exibida na noite desta terça-feira no programa Les Infiltrés (Os Infiltrados, na tradução literal), do canal estatal France 2. A matéria permitiu a prisão de 22 supostos pedófilos e detentores de image ns de pornografia infantil na França e um no Canadá.

Para atrair os supostos pedófilos, o jornalista Laurent Richard, chefe de redação do programa Les Infiltrés, fingiu, em salas de bate-papo na internet, ser “Jéssica”, uma garota de 12 anos.

Método

Richard filmou os encontros com diversos homens, entre eles um sexagenário, um parisiense de 26 anos e um empresário de 35 anos que confessou abusar de sua filha de cinco anos. As vozes dos entrevistados foram alteradas e seus rostos não aparecem na reportagem, que levou cerca de um ano para ser realizada.

"Quando eu disse que era jornalista e que estava com um câmera, eles não fugiram e aceitaram falar",afirma Richard. Ele também fingiu ser um pedófilo para entrar em contato com redes que trocam imagens de pornografia infantil. Nesse caso, as pessoas não sabiam que estavam sendo entrevistadas.

O documentário sugere que os colecionadores entrevistados seriam estupradores de crianças e estariam "em atividade" há anos. Para justificar a divulgação das informações à polícia, Richard diz ter feito "o que todo cidadão deve fazer" em razão da "gravidade dos fatos" descobertos.

"Quando detemos informações que podem impedir tentativas de corrupção de menores ou o estupro de crianças, é normal levar o caso à polícia", afirma. A lei francesa define como cúmplice qualquer testemunha de atos criminosos contra crianças.


Debate

Mas o assunto vem causando polêmica e alguns jornalistas acusaram a equipe de reportagem do programa de trabalhar como "auxiliares da polícia". O código de deveres da profissão, uma declaração de princípios, afirma que "um jornalista digno desse nome não confunde o seu papel com o de um policial".

O secretário-geral do Sindicato Nacional dos Jornalistas da França, Dominique Pradalié, declarou "estar escandalizado" e afirmou que "os jornalistas não devem divulgar suas fontes".

Hervé Chabalier, presidente da agência Capa, que produziu a reportagem, disse que existem circunstâncias excepcionais que obrigam os jornalistas a abrir exceções em relação ao sigilo de suas fontes. Chabalier afirma que a equipe de reportagem cumpriu a lei, que prevê penas de prisão e multa para quem tiver conhecimento de violações sexuais de menores e não informar as autoridades.

Na França, a proteção de fontes jornalísticas pode ter exceções, que devem ser avaliadas por um juiz. "Nenhuma lei prevê que o jornalista deva denunciar criminosos por sua própria iniciativa", escreve o jornal Le Monde. Fr.

Fonte: BBC Brasil